A PF e a Mula Sem partido. Na Lua Cheia tsunami, na Minguante…

PF não é filiada a um partido, mas nela predomina um ideário partidário. Majoritariamente seus servidores pensam estar ou querem ser parte do 1%.

A PF e a Mula Sem partido. Na Lua Cheia tsunami, na Minguante…

PF não é filiada a um partido, mas nela predomina um ideário partidário. Majoritariamente seus servidores pensam estar ou querem ser parte do 1%.

Em 2017, 82% da riqueza mundial ficaram nas mãos do 1% mais rico. São indicadores que deixavam sem nada 3.7 bilhões de pessoas. No mesmo período, o número de bilionários do Brasil passou de 31 para 43. O patrimônio dos ricos cresceu 13% em relação a 2016, enquanto para os mais pobres, uma queda de 2,7% para 2%. Os dados são da Oxfam, uma ONG britânica, divulgados pelo jornal Valor, em janeiro de 2018.

Ter noção daquele 1% é meu referencial de pensar e me dispensa de assistir os vídeos idiotas que servidores da PF me mandam, do mesmo modo que me isenta de ler textos apócrifos e mal escritos. Se eles desconhecem aquele 1%, deveriam procurar saber. Se sabem e ignoram, por mais colegas são uns… Ressalvadas as exceções, a PF está infestada de Macabéas, Moscas Azuis. Em momento oportuno detalho o uso dessas expressões.

Além daquelas espécies, a instituição está repleta de Mulas Sem Partido, ainda que o mesmo ocorra noutras instituições, onde predominam bons salários. Justiça e Ministério Público Federal estão no pacote e, como regra, nelas vige certo voyeurismo em relação ao tal 1%. Integram a classe média que quer, a qualquer preço, fazer parte ou viver de forma parecida com o bendito 1%. Cultuam os valores do 1% no melhor estilo Cazuza – a burguesia fede e quer ficar rica. Consciência social zero, quem pensa diferente disso é petista, comunista. Não em sentido real, mas com o sentido que a burrice permite.

Servidores da PF mais atentos sempre souberam que os Estados Unidos ensaiavam repor as patas sobre o Brasil. Alheios às consequências, com solene toque de ingratidão, comemoraram a perspectiva de que a “era Lulista estaria no fim”. Como a PF tinha e tem lado (igual à escola sem partido), cedo passei a tratar a Farsa Jato como o que efetivamente ela é: FARSA. Como usina do golpe de 2016 e da farsa eleitoral de 2018, ideia reforçada pelo Pato Marreco – hoje aliado explícito da Mula Sem Partido, com promessa de novas recompensas.

Ter partido pode ser apenas tomar partido. Pode também ter sentido de filiação à sigla partidária. A PF não é filiada a um partido, mas nela predomina um ideário partidário. Majoritariamente seus servidores pensam estar ou querem ser parte do 1%. Votaram em candidatos apoiados pelo 1% como Collor, FHC, Aécio, foi capitã do mato do golpe de 2016 e cúmplice da farsa eleitoral de 2018. Sem explicação, guarda a sete chaves o segredo da farsa sobre a “facada no Bozo”, como não guardou o segredo de uma conversa de uma Chefe de Estado.

O alinhamento a tal faixa 1% é tão intenso, que inclui até servidores presos, processados, demitidos ou que sofreram arranhões morais. Recentemente, dois delegados da PF foram notícia. “PF: Delegado que indiciou testemunha do Caso Marielle quis achacar vereador”, diz uma chamada do site UOL do dia 19/05. Pergunte em quem ele votou. “Moro demite delegado da PF”, diz outra chamada no O Estadão. Em quem votou?

“Nós que fomos às ruas pedimos o impeachment da chapa Dilmanta/Temer”… Estava escrito no Facebook (página) do delegado demitido. Abaixo, uma série de apoio de colegas. A mesma rede social já exibiu fotos de outros delegados da PF demitido trajando a clássica camisa do golpe. Camisas, aliás, que hoje vestem mendigos nas ruas do país, enquanto as bandeiras do Brasil – com o perdão do poeta Castro Alves, servem de cobertor para uns ou de mortalhas para outros indigentes.

É possível que hoje nossas Macabéas estejam um tanto envergonhadas. Qualquer enquete na instituição sagraria vencedor o Cabo Daciolo ou Amoedo, já que os eleitores da Mula Sem Partido sumiram.

Não sei o que nos espera, nem qual o papel que da Polícia Federal nos dias sombrios que se avizinham. Seus servidores correm atrás de emendas para suas peles no desmonte da Previdência. Reajustes e salários ameaçados, assistem suas justas prerrogativas de funções policiais sendo tratadas maldosamente como privilégios. Quando a Mula Sem Partido e a Farsa Jato negavam as instituições eles aplaudiram, esquecendo que a PF é também uma instituição. Aplaudiram a demonização e negação da política e hoje precisam de políticos.

Às vésperas da Lua Cheia, no dia 18 último, Bozo (a Mula Sem Partido) teve a visão de um tsunami e fugiu para se homiziar na casa de seu patrão nos EUA. Passada a Lua Cheia, a lua de hoje está 91.71% visível, mas está decrescendo, faltando apenas 5 dias para a fase Lua Minguante. Sabe Deus o que acontece até lá! Talvez seja a hora dos federais seguirem o astrólogo da Mula, batendo retirada. Mais que isso, se enxergarem como cidadãos e terem um olhar mais generoso sobre os 99%.

Armando Rodrigues Coelho Neto – advogado e jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-integrante da Interpol em São Paulo.



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Associação dos Delegados da Polícia Federal

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