Juan Mendes Silva - Secretário de Estado da Saúde

Juan Mendes Silva - Secretário de Estado da Saúde

Como foi a sua trajetória no Serviço Público de Saúde até ocupar o atual cargo de Secretário de Saúde no Estado do Amapá? 

Eu fui formado na Universidade do Estado do Pará, onde logo depois da minha formatura tive a oportunidade de trabalhar no interior do Estado, em uma cidade chamada Irituia. Nessa cidade fui enfermeiro assistencial, possibilitando o contato direto com a área assistencial da saúde, diretamente com populações muito vulneráveis, dentre eles, os assentados e ribeirinhos. Nessa época, tive a oportunidade de continuar meus estudos, possibilitando a minha aprovação no concurso público municipal de Paragominas e também no Estado do Amapá, como enfermeiro. 

No Estado do Amapá, em 2013, iniciei como enfermeiro assistencial e já no início de 2014 desenvolvi meus trabalhos dentro da unidade de terapia intensiva e centro cirúrgico. Tive a oportunidade de ser responsável técnico da unidade de terapia intensiva, fazendo com que o setor fosse referência dentro do Hospital de Emergência, diminuindo a taxa de mortalidade e com uma liderança participativa. Com o resultado desse trabalho, em 2015, pude ser coordenador de enfermagem do Hospital de Emergência, onde gerenciei diretamente mais de 380 profissionais, possibilitando a oportunidade de desenvolver minha inteligência profissional e social.

Em 2017, fui convidado a participar da Escola de Saúde Pública do Amapá, na área de gestão do trabalho, educação e saúde, tendo a oportunidade de ser gerente de residência em saúde e pós-graduação. Isso me possibilitou trazer uma grande presente ao Estado: a pós-graduação 100% gratuita pela Fiocruz, justamente para a formação de 40 novos sanitaristas, o qual, inclusive, sou coordenador do polo Amapá.

Em 2019, tive o convite para ser Diretor do Hospital de Clínicas Alberto Lima, maior hospital 100% SUS do Estado do Amapá, sendo um hospital bem complexo, com muitas especialidades, podendo dizer que existem 6 pequenos hospital dentro daquele mesmo complexo. Isso foi um grande desafio assistencial para mim, porém riquíssimo de aprendizado, desenvolvendo um trabalho muito bom, inclusive, com a retomada das cirurgias eletivas. Dentre outros, posso dizer que foi um dos trabalhos que credenciou a minha participação no cargo eletivo da secretária de saúde do Estado.


Como foi o convite para participar da Secretária de Saúde, nesse momento em que a pasta é uma das mais importantes do governo?

O convite surgiu de uma forma bem inesperada. Infelizmente, com o pedido de afastamento pelo secretário João Bittencourt da pasta, por conta de estar com COVID, surgiu a oportunidade dentre das pessoas que estavam exercendo o protagonismo na condução da pandemia, momento em que meu nome foi citado dentro do gabinete do Governador

Desde o primeiro momento me senti muito feliz e honrado com a oportunidade, sendo a realização de um sonho, pois ter um enfermeiro que tem um conhecimento da ponta assistencial, com a oportunidade de conduzir uma pasta como secretário de Estado, foi, apesar de todos os desafios, um presente. Nós sabíamos da dificuldade que teríamos, porém em nenhum momento duvidei da nossa capacidade de avançar e de que pudéssemos vencer várias batalhas da pandemia. Nós sabemos que a área da saúde será desafiadora, independentemente da pandemia é uma das áreas de maior sensibilidade dentro das pastas de um governo, sendo uma área que trabalha com muita vulnerabilidade, com um ponto de divisão muito sensível. Portanto, ter a oportunidade de conduzir essa pasta foi realmente um presente.

O senhor ocupou outros cargos de no governo antes de ocupar o atual posto?

Ocupei o cargo de coordenador de enfermagem do Hospital de Emergencial, o cargo de gerente de pós-graduação e residencial em saúde na Escola de Saúde Públicas, além de ocupar o cargo de Diretor Geral do Hospital Alberto Lima.


Quais os principais desafios e metas que espera atingir na Secretária de Saúde no Amapá?

Dentro de um planejamento estratégicos nós tivemos que escolher a prioridade da prioridade, pois tudo dentro da saúde pode-se dizer como prioridade, pois todos os pontos que pode ser implementado na área da saúde terá um aspecto prioritário. Eleger os problemas que atingem a maior parte da população é nosso primeiro objetivo. Portanto, o ponto hoje que vislumbro como maior prioridade no Estado do Amapá é a oncologia.

Hoje, a oncologia representa uma carga de doença que as prospecções nacionais colocam, a partir de 2030, como a maior causa de mortalidade no Brasil, inclusive, mais de 500 municípios no Brasil já tem esse parâmetro. Portanto, é necessário agir agora e estruturar bem nossa rede de assistência à parte oncológica. 

Outro ponto que estamos mirando é implementar que no nosso Estado as maiores demandas externas como, por exemplo, transferência para outros Estados para tratar com a área de oftalmologia, sejam sanadas. Com uma emenda de bancada nós já conseguimos trazer essa parte de oftalmologia para o Estado. 

Mais um ponto de atenção seria a questão da radioterapia que, infelizmente, ainda não ofertamos no Estado. Para isso, fizemos o resgate de um projeto que abraçou mais de 70 unidades de saúde, estando, inclusive, em licitação no Ministério da Saúde a implementação do parque de radioterapia no nosso Estado.

Estamos mirando também na questão da matéria infantil, pois, infelizmente, ainda temos um alto índice de mortalidade infantil, o Neonatal.


Já existe alguma mudança significativa implementada na sua gestão?

Nesses 4 meses em frente à secretária da Saúde, podemos elencar a vitória de muitas batalhas nessa pandemia, saindo do Estado que tinha a maior incidência e uma das maiores taxa de letalidade do COVID, para o Estado com uma alta taxa de testagem, o que traz um grande índice de infectados, porém com uma das menores taxas de letalidade do Brasil, estando entre as 3 menores do país. Nós temos uma taxa de letalidade de 1,5%, estando, por exemplo, menores que países como Coreia do Sul, além de contarmos com uma alta taxa de testagem, sendo o Estado em 1º lugar que mais testa no Brasil.

Dentre das coisas que ditamos como regular, tenho que pontuar como muito importante a abertura do Hospital Universitário que está em fase de conclusão, sendo isso, sem dúvidas nenhuma, um marco histórico para o Amapá. Vale ressaltar que isso foi possível através de muito esforço, atrás de mais de 86 processos de regularização, contratação e requisição para abrirmos o hospital de uma forma muito transparente, seguindo os processos regulares. 

Além disso, um dos pontos que foi a maior vitória na área de gestão foi trazer a todos nossos processos que correm na secretária da saúde o formato eletrônico, isso nos trouxe o patamar de 2º Estado mais transparente do Brasil, em termos de enfrentamento a pandemia.


Qual o atual estado da saúde pública do Amapá?

Nós passamos o pico da pandemia entre maio junho, onde tivemos momentos de muita atenção, porém vencemos muitas batalhas com a abertura de leitos, abordagem terapêutica precoce e alinhamento entre ações da vigilância e saúde. 

De fato, conseguimos ter uma estabilização na pandemia e, ao que tangem nossos problemas “regulares”, não pandêmicos, temos um panorama de metas e ações, sendo um desafio caminhado em paralelo de oferta à população para o retorno gradual das atividades.


No Amapá, qual o atual índice de ocupação dos leitos de UTI? Existe risco claro para a falta de leitos no Amapá?

Hoje a taxa de ocupação gira em torno de 30% a 35%, o que nos permite, inclusive, desmobilizar alguns dos centros de unidades do COVID. Dentre do decorrer da pandemia, conseguimos abrir 215 leitos, e dentro desses leitos nos tínhamos, pelos menos, mais 70 leitos que poderiam ser abertos a qualquer momento caso fossem necessários. 


Qual a atual situação de infectados e curados pelo COVID-19 no Amapá?

Temos uma das maiores incidências do Brasil, aproximadamente 45 mil casos, destes mais de 70% curados, ou seja, menos de 30% dos casos ativos, o que diminui nossa taxa de reprodução viral. Nós temos 675 óbitos e uma taxa de letalidade de 1,5%, permitindo dizer que o vírus ainda esta circulante, precisando manter as ações de vigilância e saúde, de uso da máscara, do isolamento social, principalmente dos grupos mais vulneráveis.


Existe alguma estratégia implementada pelo governo amapaense para diminuir a curva de casos por COVID-19?

Durante o avanço da pandemia, um dos maiores ganhos que tivemos foi o alinhamento entre governo do Estado e prefeitura, isso, sem dúvida dúvida nenhuma, foi um grande diferencial dentro do enfrentamento. 

Além disso, tivemos a oportunidade de fazer o lockdown dentro desse pico de pandemia que, segundo estudos estatísticos, deixamos de ter quase 20 mil novos infectados, inclusive, tivemos a maior taxa de isolamento social no Brasil. Tudo isso foi uma ação conjunta dos órgãos de impressa, governo e prefeitura, das Guardas Municipais, tendo uma sensibilização grande pelas pessoas em relação a pandemia.



O Amapá ainda está em quarentena, com as aulas e outros serviços que não são essenciais suspensos. Existe uma previsão para que o cenário se normalize?

Nós estamos estudando desde o início de agosto um retorno gradual, baseado nos relatórios epidemiológicos que são emitidos semanalmente pelo governo. No que tange as aulas ainda não existe um cenário de tranquilidade total para podermos mirar no retorno as aulas, pois é uma doença muito nova e nós vimos que muitas situações com crianças surpreenderam, pois no início da pandemia a maior preocupação era com os idosos, porém vimos no Amapá um índice alto de agravamento da infecção por COVID em crianças. Felizmente, tivemos apenas um óbito em criança com menos de 12 anos, portanto não nos da um cenário de tranquilidade de retorno as aulas. 


Alguns estados, como Curitiba e Bahia, já tem sinalizado um acordo com países que são candidatos prováveis de importação da vacina do COVID-19 e sua tecnologia. Existe alguma movimentação do governo amapaense nesse sentido?

Já existe uma movimentação do Estado nesse sentido, e, sem dúvida nenhuma, se tivermos a oportunidade de um estado amazônico ser agraciado com a questão da vacina será muito bom que se torne realidade.


O senhor além de secretário de estado é enfermeiro e docente, qual a mensagem gostaria de transmitir aos policiais federais que, assim como os agentes da saúde, estão expostos ao vírus no seu dia a dia?

A mensagem que posso deixar aos policiais federais e a instituição Polícia Federal que representa tanta seriedade na defesa dos nosso direitos como população, é muita gratidão, pois mesmo em tempo de pandemia, expostos a adversidades, foram incansáveis na luta da defesa do direito da população brasileira, na luta contra pessoas que, mesmo em tempo de pandemia, quiseram aproveitar um momento frágil para lesar o erário público.

 Portanto, sem dúvida nenhuma, muita gratidão e que possamos continuar tendo essa grande instituição brasileira, parabenizando toda a instituição Polícia Federal por todo o trabalho desenvolvido. A palavra que posso deixar é gratidão, como cidadão brasileiro por todo o trabalho que tem sido feito.




Associação dos Delegados da Polícia Federal

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